A Universidade de São Paulo e a comunidade acadêmica brasileira demonstraram que não aceitam o silenciamento e a normalização do genocídio do povo palestino. Nos dias 26 a 28 de nov. de 2024, realizamos, na USP, o Seminário Internacional Racismo, Colonialismo e Genocídio na Palestina, reunindo quatro acadêmicos palestinos de renome internacional - Shahd Safi, Rula Shadid, Ahmad Sa’di e Tariq Dana - junto a acadêmicos e intelectuais de primeira linha no cenário nacional que atestam o nível internacional e de excelência da nossa pesquisa local sobre a questão. Não me refiro apenas aos que compuseram as mesas, mas também aos vários colegas de diferentes universidades que vieram assistir e debater os temas propostos, conferindo a grandeza e significância desse seminário.
O seminário debateu a história das relações árabe-judaicas, antes e depois da criação do Estado de Israel; a instrumentalização do antissemitismo como tentativa de silenciamento das vozes críticas à política israelense; as vias da resistência não-violenta e o papel da comunidade internacional em apoiar semelhante resistência; a regionalização cada vez maior da guerra no Oriente Médio, com os enormes riscos de uma deflagração mundial e uma guerra nuclear avassaladora; a obrigação, no cerne disso tudo, da comunidade internacional em parar o genocídio e seu rotundo e preocupante fracasso. Diante do genocídio perpetrado em nome de um estado que se auto-define como judeu, nos colocamos o desafio de pensar em como fica o combate ao verdadeiro e criminoso ódio antissemita. Finalmente, paramos para ouvir uma sobrevivente do genocídio, Shad Safi, relatar sua vida na Faixa de Gaza, e recitar um poema sensível e inédito, de sua autoria, sobre a Esperança. Que sejam ouvidas as suas palavras doces e sensíveis por cima dos escombros do ódio e da indiferença arrogante de um mundo que se recusa a ouvir a voz palestina. Celebramos, 
assim, ter conseguido trazer vozes judaicas e vozes palestinas tão díspares, tanto de Gaza, como de 48, tanto da Cisjordânia e de Jerusalém, como de Qaqun, e da diáspora.
